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João de Deus se entrega à polícia em Goiás

Folhapress


Foto: Walterson Rosa/Folhapress
Mais de 300 mulheres acusaram o médium de abuso sexual

O médium João Teixeira de Faria, 76 anos, conhecido como João de Deus, se entregou à polícia e foi preso neste domingo. O encontro dele com as autoridades ocorreu na encruzilhada de uma estrada de terra no município de Abadiânia, Goiás, às margens da BR-060. A negociação foi feita entre o advogado de João de Deus, Alberto Toron, e o delegado geral da Polícia Civil.

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A polícia chegou em três carros. O médium, que estava num sítio, chegou no veículo de um de seus advogados. Minutos antes de se entregar, ele chegou a passar mal. Trêmulo, pediu aos defensores para tomar um remédio sublingual. João de Deus é cardíaco.

Ele é suspeito de ter abusado sexualmente de mulheres durante os atendimentos espirituais que realizava na cidade de Abadiânia. O médium era considerado foragido pela força-tarefa que investiga o caso desde as 14h de sábado e estava em local desconhecido desde que o pedido de prisão temporária, feito pelo Ministério Público de Goiás, foi aceito pela Justiça na sexta-feira. Seu nome foi encaminhado para a lista de procurados da Interpol.

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Para tentar cumprir o mandado, policiais chegaram a procurá-lo em Goiânia, Anápolis e Abadiânia, mas não tiveram êxito. Mais de 20 locais foram vistoriados em busca do paradeiro do suspeito.

A defesa de João havia dito que o médium iria apresentar-se voluntariamente ainda na sexta, o que não aconteceu. Os advogados que defendem João de Deus também afirmaram que a ordem de prisão preventiva (sem prazo para acabar) é ilegal e injusta e que iriam impetrar habeas corpus contra a decisão judicial. Segundo eles, "apenas alguns depoimentos, de poucas vítimas, acompanham o pedido de prisão preventiva, ainda assim, sem os seus nomes".

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No início da semana, a Promotoria chegou a criar uma força-tarefa para recolher as inúmeras denúncias de abusos sexuais contra o médium. Os casos começaram a tornar-se público após 13 mulheres relatarem as denúncias no dia 8 de dezembro durante o programa Conversa com Bial, da TV Globo, e ao jornal O Globo.

No dia 10, Aline Saleh, 29, contou sua história à Folha de S.Paulo: "Quem tem de sentir vergonha é ele, e não eu". Ela diz que, em 2013, esteve na casa e que foi levada para um banheiro, posta de costas e que João de Deus colocou a mão dela em seu pênis.

Segundo a Promotoria, 335 contatos já foram recebidos, com mensagens principalmente por e-mail, incluindo também outros seis países (Alemanha, Austrália, Bélgica, Bolívia, Estados Unidos e Suíça).Também foram colhidos os depoimentos de 30 pessoas nos Ministérios Públicos de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Espírito Santo.

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Em comum, a maioria das mulheres diz que recebeu um aviso de procurar o médium em seu escritório ao fim das sessões em que ele atende aos fiéis. No local, segundo as vítimas, João de Deus dizia que elas precisavam de uma "limpeza espiritual" antes de abusá-las sexualmente. Entre as vítimas estariam mulheres adultas, crianças e adolescentes.

O promotor Luciano Miranda Meireles afirmou que os depoimentos podem ser a úncia forma de comprovar as acusações, já que crimes como estupro não ocorrem à luz do dia nem têm testemunhas.

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